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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Artesãs cearenses decoram árvores com crochê para o Natal

Crocheteiras utilizaram 24 kg de fios de barbante para decorar árvores.
Trabalho foi feito para o Natal, mas ficará permanente na localidade.

Árvores com artesanato colorem praças e ruas da cidade (Foto: Fabiane de Paula/Agência Diário)
As artesãs de Curral Grande, no distrito de Serrote, em São Gonçalo do Amarante, decidiram dar um presente de Natal especial para toda a comunidade com cerca de 600 habitantes. Na praça principal da localidade, as 16 árvores que contornam a igreja ganharam, dos caules aos galhos, diferentes cores e adornos todos feitos de crochê. “A gente está inovando e  querendo alertar para questão da ecologia, de que devemos cuidar das nossas árvores”, afirma a presidente Associação de Artesão de Curral Grande (Artfio), Maria da Conceição Juvêncio Sousa.

A ideia de cobrir as árvores com crochê surgiu depois de uma visita em 2012 da cantora Marisa Monte, fã do trabalho. “Ela veio comprar umas peças e, como também é uma crocheteira e apaixonada por crochê, me mostrou no celular umas fotos de árvores enfeitadas com crochê nos Estados Unidos”, conta Conceição. O projeto piloto foi feita na árvore em frente à Associação ainda no começo deste ano. “Fizemos para ver a reação das pessoas e todo mundo gostou”.

No início do mês de novembro, as crocheteiras começaram a produção para colorir toda a praça da comunidade de Curral Grande. As artesãs da Artfio se dividiram em equipes, adotaram as árvores e deixaram a criatividade e história de cada uma dar significado às decorações.
As mulheres tiveram de medir uma a uma as árvores e costurar os desenhos direto nos caules. Para enfeitar os galhos, usaram mesas até alcançar a altura ideal. Durante o processo, elas passavam o dia todo dedicadas à decoração, chegando de manhã e só deixando a arte à noite, com pausa para o almoço.
No fim da produção, custeada pelas próprias mulheres, foram utilizados cerca de 24kg de fios de barbantes de todas cores. O resultado do presente de Natal foi árvores  multicoloridas, com inspirações de flores, animais em extinção e, até, da Copa do Mundo. Para finalizar, as artesãs colocaram pisca-piscas que iluminam a arte durante a noite.

O presente das crocheteiras será permanente. Quem passar pelo local, independente da época, poderá ver o talento e a força das mãos dessas mulheres de Curral Grande. “A ideia é deixar a decoração nas árvores. Vamos tirar só os piscas-picas, o crochê vai permanecer. No fim do ano que vem, podemos ir renovando todo esse crochê”, diz Conceição.

Os trabalhos das artesãs da Artfio, como colchas, tapetes, toalhas de mesa, redes, almofadas, podem ser vistos e comprados na Central de Artesanato do Ceará (Ceart), em Fortaleza. A beleza e qualidade das peças também já são reconhecidas e levadas para outros estados como Alagoas, Pernambuco, Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

Fonte: http://g1.globo.com

ASSISTA AO VÍDEO DE UMA INTERVENÇÃO EM SÃO PAULO






quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O equilibrista do Jardim Helena

O baiano Adailson Barbosa dos Santos, 40, trabalha com ferragens e mora há mais de dez anos no Jardim Helena, zona leste de São Paulo. Nas ruas do bairro, ele procura lugares inusitados para mostrar a ‘arte’ do equilibrismo.

Foto Divulgação
Adailson passeia com sua bicicleta em meio ao caótico trânsito da avenida Marechal Tito,  transportando sobre a cabeça um botijão de gás vazio. “Faço isto para mostrar minha arte e ser reconhecido por todos pelo que faço de melhor”, diz Santos.

Segundo ele, o equilibrismo na bicicleta com um botijão ou com uma melancia já é um evento conhecido por todos do bairro.

Foto Divulgação
Atualmente, Adailson prepara um novo número. “Estou treinando para carregar 16 baldes de água sobre a cabeça. Vocês ainda vão me filmar fazendo isto”, diz.


Por Vander Ramos




quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Templo mundial do grafite em Nova York pode ser destruído

Proprietários do 5 Pointz, em Long Island City, querem vender o prédio.
Vários artistas já pintaram paredes do complexo de fábricas abandonado.

Proprietários do 5 Pointz pretendem vender o terreno do imóvel em NY (Foto: Andrew Burton/Getty Images/AFP)
Um marco na cena do grafite em Nova York, que já atraiu artistas de todo o mundo nas últimas décadas, pode ser demolido em breve. Os proprietários do complexo de fábricas abandonado '5 Pointz' em Long Island City querem vender o terreno do prédio para a construção de edifícios residenciais no valor de 400 milhões de dólares.

A comunidade de artistas locais entrou na justiça para impedir a demolição do local. Aproveitando a passagem do britânico Banksy pela cidade o convidaram para ajudar na batalha, mas ele se manteve em silêncio até o momento.

O complexo abandonado pode dar lugar a um prédio residencial (Foto: Andrew Burton/Getty Images/AFP)
Até um carro foi grafitado nas redondezas do 5 Pointz (Foto: Andrew Burton/Getty Images/AFP)
Fonte: http://g1.globo.com




segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Com música inédita de Criolo, documentário retrata grafite em SP

Foto Divulgação Youtube Cidade Cinza
Artistas que são respeitados no exterior e em São Paulo veem suas obras serem cobertas por tinta cinza são o foco do documentário "Cidade Cinza", que será exibido em sessão gratuita na Mostra de São Paulo, no vão do Masp, em 31 de outubro, às 19h30. Assista ao trailer com exclusividade acima.

Os diretores Marcelo Mesquita e Guilherme Valiengo falaram com artistas como Os Gêmeos e Nina Pandolfo, e retrataram o trabalho de funcionários da prefeitura de apagar os grafites espalhados por São Paulo.

O longa, que recorreu ao crowdfunding (financiamento coletivo) para programar seu lançamento em circuito comercial (programado para 22 de novembro), tem em sua trilha, produzida por Daniel Ganjaman, a faixa inédita "Doum", composta para o filme pelo rapper Criolo.

ASSISTA AO TRAILER


Fonte: http://cinema.uol.com.br



terça-feira, 3 de setembro de 2013

Diego Miranda fazia caricaturas no Parque do Ibirapuera

‘O sentido da vida é existir. É o agora’

Diego Miranda fazia caricaturas no Parque do Ibirapuera;
ele disse ser parecido com o Johnny Depp, e não?
“Na verdade, a vida não tem sentido. O sentido da vida é existir. O sentido da vida é o agora”, afirmou o artista plástico Diego Miranda, de 31 anos.

Conheci Diego no Parque do Ibirapuera. Ele aproveitou o monte de gente que foi para lá domingo ver a Maria Gadú para oferecer caricaturas. Foi justamente por isso que resolvi ir falar com ele, pois seus desenhos me chamaram a atenção (durante a conversa, inclusive, ele fez uma caricatura minha!).

“A ganância do ser humano provoca a infelicidade nas pessoas. As pessoas são tão infelizes porque elas têm referência do cara que é rico, milionário, e elas querem ser igual. Só por isso. Elas se torturam por isso. Na verdade, a felicidade, para mim, é ter saúde. A pessoa precisa de ter saúde para correr atrás do dela”, disse, num discurso que considerei bastante convincente.

Diego me contou que já parou várias vezes para pensar sobre a vida e é por isso que tinha conclusões tão prontas sobre o assunto. “Durante muito tempo eu me achava fora da casinha, meio louco (…). As pessoas achavam que eu era meio louco por pensar assim”, explica, referindo-se a seu comportamento “desprendido” sobre fazer planos.

“As pessoas achavam que eu tinha que fazer planos de longo prazo. Na verdade, tem que ter planos, metas, objetivos e tal, mas não uma coisa que te consuma”, afirmou.

O artista me contou que nasceu em Mato Grosso do Sul, mas já viajou para quase todos os estados brasileiros. Disse que começou a fazer faculdade de pintura no Rio de Janeiro e que viajava pelos Brasil para apresentar seus trabalhos. Aí ele trancou a faculdade para viajar e está em São Paulo há três meses. “São Paulo é uma cidade que te abraça.”

Disse, contudo, que já fez de tudo um pouco na vida: foi frentista, vendedor, empacotador e até mergulhador – função que ainda exerce eventualmente.

Voltando para o assunto do sentido da vida, Diego falou que adotou uma maneira prática de encarar os obstáculos: “se o problema tem solução, resolva-o.  Não tem? Foda-se. Fazer o quê? Não da para resolver o problema, cara…”

“A gente vive num mundo que a gente é tolhido pela referência. A gente acha que aqui é bom porque a gente tem uma referência, tal lugar é ruim porque a gente tem uma referência. Se a gente não tivesse referência nenhuma, não ia ter bom ou mal, ia ser tudo bom, na verdade.”


Fonte: http://vidaria.com.br





quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Yarn-bombing na ponte Andy Warhol

Localizada em Pittsburgh, Pennsylvania (EUA), a ponte Andy Warhol está recebendo intervenções.

Foto Divulgação
As informações são do Post Gazette e dão contam que um grupo da comunidade pretendia fazer o maior yarn-bombing dos Estados Unidos. Centenas voluntários colocaram mantas tricotadas na ponte no último final de semana. A mostra deve ficar exposta na ponte até 07 de setembro.

De acordo com o Post Gazette, o trabalho começou de maneira simples de a irmã de  Pearl Deaniello passar o tempo durante uma internação e que acabou virando uma “rede de tricô” de pessoas que ajudaram a criar o que pode ser maior yarn-bombing dos Estados Unidos num espaço público.
Mais de 600 cobertores tricotados ou crochetados à mão foram colocados na ponte. As torres da ponte foram lentamente envoltas com uma enorme gama de cores.

Foto Divulgação
O projeto, criado pelo Fiberarts Guild of Pittsburgh, custou cerca de US$ 100 mil e foi financiando por doações individuais.
Quando a exposição terminar, as mantas serão lavadas e as que estivem em bom estado de conservação serão doadas para abrigos, centros de idosos e grupos de resgates de animais.

“A Knit the Bridge celebra a história de Pittsburgh como uma cidade de pontes e de aço, bem como uma região próspera nas cenas de arte contemporânea”, diz o grupo em seu site.

Mais informações no site: http://knitthebridge.wordpress.com
Mais fotos aqui: https://twitter.com

Fonte: http://informacaoemponto.com.br

O TRABALHO FICOU MARAVILHOSO, ASSISTA AO VÍDEO





sábado, 6 de julho de 2013

Grafite ou pichação?

Ainda muito discriminado, o grafite começa a ganhar status de arte e colorir os trechos acinzentados tão comuns às grandes cidades. Como ainda é muito confundido com a pichação, o grafite ainda recebe um tratamento um tanto quanto preconceituoso. Mas qual a diferença daquela arte, feita em muros, com tintas e sprays, de outras feitas em telas, também com tintas?

Foto Divulgação
Qual a diferença entre grafite e pichação?

Muita gente os classifica como iguais, talvez por não compreender os desenhos e o mundo retratado pelos grafiteiros. Muitos pichadores, inclusive, são chamados assim, contribuindo para aumentar o preconceito com quem quer apenas colorir os muros e transmitir sua mensagem.

Os pichadores são considerados vândalos e não apresentam nenhum benefício com seus desenhos e nomes, causando apenas prejuízo e sujeira. O trabalho do pichador é mais concentrado nas letras  fazendo sempre a mesma assinatura para marcar por onde andaram. As cores são únicas, não havendo mistura na mesma sessão.

Já o grafite não tem a letra como foco, mas sim uma mistura que a envolve junto a desenhos e outras composições. Várias cores podem ser utilizadas no desenvolvimento dos painéis, que são compostos com tintas comuns (para fazer a base do desenho) ou em spray. Como envolve mais trabalho e consome mais tempo em seu desenvolvimento, os murais de grafite geralmente são feitos por mais de uma pessoa. As intervenções urbanas mais comumente chamadas hoje em dia, são consideradas uma dos 4 elementos que compõem a cultura Hip Hop, ao lado do break, do rap e dos DJs além de estar muito voltados para questões políticas e sociais.

Na maioria dos países grafite é crime, então os artistas evitam a exposição, porque podem ser presos.

Julieta é uma grafiteira mexicana. Seus desenhos são bem coloridos, delicados e alegres e como todo bom desenhista, a arte acaba ultrapassando os muros da cidade e se tranforma em vários objetos como quadros, toy arts e a pintura dos cômodos até tênis e shapes pra skate.  Ah eu qeuro uma parede assim pra mim >.<

Infelizmente não achei nenhum site pessoal dela.  Realmente é muito ruim artistas tão talentosos como ela, Os Gêmeos (que irei comentar sobre eles também em breve) e  muitos outros terem suas telas urbanas maravilhosas confundidas com simples rabiscos feitos por vândalos e marginais… Grafite é arte pra poucos.


ASSISTE AO VÍDEO E CONHEÇA JULIETA



Fonte: http://profissaodesigner.wordpress.com
Por: Vânia de Paula
em 2010




segunda-feira, 10 de junho de 2013

A criminalização do artista – como se fabricam marginais em nosso país

A intolerância ao diferente apoiada por uma campanha de higienização social em Belo Horizonte, assume ares de politica repressiva de caráter criminal.

Administração municipal, policia militar e mídia se associam na tarefa de criminalizar o artista de rua, artesãos nômades portadores de um patrimônio cultural brasileiro que deriva da resignificação do movimento hippie das décadas de 60 e 70. Uma cultura com mais de 40 anos.

Foto Divulgação

Mas quem criminaliza o Estado?

Com expressões próprias na arte, na música e no estilo de vida, os artesãos são perseguidos, saqueados em seus bens pessoais e presos por desacato ao exercer a legitima desobediência civil.

Artigo 5º da Constituição Federal:
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

A Violação do estado democrático de direito e do princípio da Legalidade. Quando o Estado se torna o criminoso.

Dentre os princípios que regem a Administração Pública, destaco aqui o princípio da legalidade, que surge como um desdobramento do princípio da indisponibilidade do interesse público. Segundo tal princípio, o administrador deve agir segundo a lei, só podendo fazer aquilo que a lei expressamente autoriza e, no silêncio da lei, está proibido de agir.

“Art. 5, II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;”

Como então legitimar as apreensões de mochilas, cobertores, ferramentas e matérias-primas dos artesãos nômades que expõem na cidade de Belo Horizonte?

Art. 5º, LIV, da CF:“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.

Ser artesão é um crime?

Não existe nenhuma legislação específica que trate do assunto ou que venha tipificar tal jeito de viver (o do artesão), como crime. Portanto, mais do que uma agressão moral à dignidade humana, a prefeitura de Belo Horizonte tem cometido violações sérias, que poderão ser reconhecidas como uma improbidade administrativa, sério sintoma de ineficiência funcional e atentado contra o estado democrático de direito.

Importante lembrar que essas ações não começaram ontem. Há anos os artesãos vêm sendo saqueados pelo Estado e, de acordo com outras denúncias, essa ação se tornou um “modus operandi” do município. A mesma ação contra os artesãos tem sido aplicada aos moradores de rua. Estamos tratando apenas da ponta de um iceberg.

Artigo 118 do Código de Posturas de Belo Horizonte -

Uma lei específica, aplicada de forma genérica a um grupo específico

Atualmente os artesãos nômades vêm sendo autuados pelo artigo 118 do Código de Posturas do município de Belo Horizonte. Vejamos o que ele diz:

Art. 118 –“ Fica proibido o exercício de atividade por camelôs, toreros e flanelinhas no logradouro público”.

Observe que esta lei especifica seus infratores, dividindo-os em 3 categorias. Isso se dá porque comercializar em via pública não é proibido em Belo Horizonte. Existem vendedores de jornais, engraxates, pipoqueiros e outros, mas todos devem passar por um processo de licenciamento, de acordo com a sua regulação específica.

No caso dos artesãos nômades, falta regulação. O Código de Posturas não aborda o tema dos artesãos nômades e enquadrá-los no artigo 118, como vem fazendo a prefeitura de Belo Horizonte, trata-se de uma ilegalidade, tendo em vista que artesãos são artesãos, não são camelôs, nem toreiros e nem flanelinhas, com todo o respeito e reverência a quem encontra nesse jeito de trabalhar a forma de sobreviver.

Portanto, invoco aqui mais uma vez o “princípio da legalidade”:

“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia combinação legal.”

Até mesmo a prefeitura sabe dessa falha legal e portanto, sempre que faz referência aos artesãos, insiste em chamá-los de camelôs, toreros ou ambulantes, para reforçar a veracidade do equívoco.

Vale a pena lembrar o acontecido no dia 18/4/2010. Às vésperas da comemoração do dia do Indio, um grupo deles foi proibido de expor em local público de BH, sendo utilizado para tanto o mesmo artigo 118.

Vamos então reler o artigo, porém adaptado à realidade prática que a prefeitura utiliza:

Fica proibido o exercício de atividade por camelôs, toreros, flanelinhas, índios e artesãos nômades no logradouro público.

Bem, a meu ver tem algo de estranho aí… A grande questão é que ao contrário do camelô, do torero e do flanelinha, os índios e os artesãos nômades possuem uma cultura própria, estilos de vida, modos de convivência, sistemas de valores, tradições e crenças próprios de uma cultura específica.

Ou seja, você não pode pedir a um índio que deixe de ser índio. Muito menos um artesão nômade deixará de ser quem ele é. Estamos falando de identidade e de objetos culturais decorrentes da subjetividade do indivíduo que tem uma vivência cultural diversa e que, através destes objetos culturais (artesanatos), reforçam e transmitem à sociedade seus valores.

Assim como temos o dever de respeitar o índio na sua cultura, considerando suas peculiaridades e aceitando suas diferenças, também deve ser o tratamento do Estado com relação ao artesão nômade. E para que haja respeito deve-se conhecer o outro. Esta lacuna de informação é um dos principais geradores de preconceito e dos atos de violência que se sucedem.

Afinal, deixo-lhes a pergunta: você por acaso sabe realmente o que é um hippie?

Em geral, o modelo de hippie contemporâneo divulgado na mídia é extremamente folclorizado. Nada tem a ver com a cultura do “maluco de estrada”, esta sim uma boa designação para o movimento contemporâneo que viaja pelo país, sendo o artesanato uma ferramenta de troca, doação e de venda também.

O “maluco” não objetiva lucro em seu trabalho, e toda grana que ganha reinveste no próprio local em que está. É uma estadia num hotel, um café na padaria, um ônibus para a próxima cidade, um fio de arame pra “trampar”, umas pedras e miçangas. O artesão paga imposto sim. Está embutido em todas estas coisas que ele consome, mas sobretaxar seu espírito criativo, que dá forma à matéria que ele trabalha é ilegal e absurdo.

O artesão não possui um posto de venda. Ele está de passagem, abre o pano no chão em local público, mostra sua arte e, se alguém se identifica com aquele trabalho, fruto da subjetividade do viajante, ele pode querer comprar. É uma ocupação efêmera, pois logo ele quer seguir viagem, ir para outro lugar. E a relação de preço que o artesão dá ao seu “trampo” é extremamente relativa, depende do humor dele, depende do carisma da pessoa que quer comprar, depende da situação em que ele está, do local onde ele está e outras tantas variantes incontavéis. Já um camelô não, ele compra uma coisa por “x” e vai vender por “y”, o lucro entre um e o outro é o seu objetivo. São conceitos totalmente distintos.

A Convenção da Unesco de 2005

A maioria da população ainda desconhece um documento internacional desenvolvido pela Unesco com o apoio de diversas instituições e ratificado pelo governo brasileiro através do Decreto legislativo 485/2006. Este documento se chama “Convenção sobre a proteção e promoção da Diversidade Cultural”.

A “convenção” é um documento normativo de caráter vinculante, que cria compromissos para os países signatários, além de servir de base para o desenvolvimento de políticas públicas nos âmbitos federal, estadual e municipal, sempre relacionadas à diversidade cultural e sua promoção e proteção.

Algumas das diretrizes deste documento reforçam as seguintes ideias:

-A convenção tem como objetivo principal proteger e promover a diversidade das expressões culturais, materializadas e transmitidas principalmente pelas atividades, bens e serviços culturais, “vetores contemporâneos da cultura”,

- As atividades, bens e serviços culturais possuem dupla natureza, tanto econômica quanto cultural, uma vez que são portadores de identidades, valores e significados, não devendo, portanto, ser tratados como se tivessem valor meramente comercial. Os bens e serviços culturais são, assim, subtraídos à pura comercialização.

- Reconhecimento da necessidade de adotar medidas para proteger a diversidade das expressões culturais incluindo seus conteúdos, especialmente nas situações em que expressões culturais possam estar ameaçadas de extinção ou de grave deterioração,

Ou seja, tanto o índio, quanto o artesão, produzem um “objeto cultural”, carregado de significados e o seu comércio não pode ser nivelado ao de um produto industrializado, nem tampouco o artista ser considerado camelô. É diferente! Pode até haver camelô artista, mas artistas de rua não são camelôs.

É normal que a maior parte da população ainda não tenha conhecimento desta mudança de paradigma que, pouco a pouco, se faz presente nas modernas políticas públicas ligadas à cultura.

Porém, a prefeitura de Belo Horizonte não desconhece este documento, ela simplesmente o ignora. E não regula a atividade do artesão, nem a do índio, porque se assim fizesse, teria de adequá-las a este novo paradigma, considerando toda a complexidade que envolve ambas as culturas.

É a política da invisibilidade, da negação da existência do outro, do diferente.

ASSISTA AO VÍDEO



Fonte: http://www.inclusive.org.br
Publicado em 25/08/2011




terça-feira, 4 de junho de 2013

Evento comemora um ano da “Lei do Artista de Rua”

Foto Divulgação
Nesta quarta-feira, dia 5, a partir das 15h os grupos Tá na Rua, Grupo Off-Sina, Cia de Mystérios e Novidades, Boa Praça, Edmilson Santini (Teatro de Cordel), Cia Nova Sina de Comicidade, Clube da Bossa Jazz, Paschoal Maurice, Denis Estátua, Rádio Rua, Gerusa e Farsacena irão ocupar a Cinelândia. Os artistas de rua farão apresentações em comemoração ao aniversário de um ano da 5.429/12, conhecida como a “Lei do Artista de Rua”.

A lei regularizou as apresentações nos espaços públicos da cidade. Para festejar os artistas farão cortejos, esquetes, leitura de cordel e mostras variadas. Além da Cinelândia, os grupos se apresentam no Calçadão de Campo Grande, no dia 8, às 14h e no Parque Madureira, no dia 9, às 10h.


Fonte: https://catracalivre.com.br

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Você não acha que São Paulo precisa de mais flores e bicicletas?

Com o vento nos cabelos e deixando um rastro de perfume no ar, Mariana Gurgel Prado e Tatiana Pascowitch, distribuem alegria pela zona oeste de São Paulo. Todos os dias elas pedalam pelas redondezas de Pinheiros e Vila Madalena vendendo flores.

Foto Divulgação
O trabalho é fruto das duas paixões comuns de Mariana e Tatiana: as bicicletas e a floricultura. Mas também ressalta uma necessidade da cidade de São Paulo, que precisa de mais bikes e flores nas ruas.

Assim nasceu a empresa A Bela do Dia e um conceito inovador na cidade. De terça a sábado, elas circulam, no horário da almoço e no final de tarde, sem um destino certo, mas sempre passando pelo “Baixo Pinheiros”, pela avenida Faria Lima, rua dos Pinheiros e Faria Lima. No caminho, encontram os clientes.

Mas as duas ciclistas também fazem entregas, por enquanto atendem Pinheiros, Vila Madalena, Itaim, Vila Olímpia, Brooklin e Jardins. A Bela do Dia também vende temperos e suculentas. Por mais flores e bicicletas na cidade, faça o seu pedido por telefone ou email.


Fonte: https://catracalivre.com.br




sábado, 4 de maio de 2013

Pintura em azulejo

Neldo é um artista de rua que conheci em Fortaleza na praia de Iracema!


Um rapaz com um talento fantástico, que com os dedos e tinta acrílica ele faz sua arte em um azulejo!

Rabisca daqui,rabisca dali e quando assusta os rabiscos se tornam uma bela pintura!

Gostei muito do trabalho dele e estou colocando esse vídeo para fazer uma homenagem ao artista de rua que as vezes é marginalizado!

Abração Neldo! Tudo de bom!

Contato: neldoslash@hotmail.com

ASSISTA AO VÍDEO



Fonte: https://www.youtube.com





sexta-feira, 19 de abril de 2013

Cães aliviam dura realidade de moradores de rua

Eles protegem seus donos e muitas vezes são seus únicos amigos verdadeiros. Entenda por que o apego e a ternura entre homem e cachorro são mais fortes nas ruas.

Para quem vive nas ruas, cuidar de um cão pode ter diversas funções: no caso de Samuel, seus companheiros guardam a praça onde dorme e ajudam diariamente na busca por comida (Foto: Alexandre Severo/Ed. Globo)

Era tarde da noite, Samuel dormia em sua barraca montada em um canto de uma praça na região central de São Paulo. Do lado de fora, um homem percebeu que o lugar estava vulnerável e resolveu aproveitar a oportunidade: se esgueirou pela fresta da tenda de lona e, com uma faca na mão, gritou ameaças. Assustado e com sono, Samuel pouco poderia ter feito para evitar o delito. Mas seu companheiro estava em alerta. Costela é um dos quatro cães que vivem com o morador de rua e guardam a praça de madrugada. Ele percebeu logo que o estranho era mal-intencionado. Não apenas latiu e rosnou para o homem, como também avançou em seu braço. Ao expulsar o invasor, Costela fez bem mais do que simplesmente proteger seu território. Ele também possivelmente salvou a vida de seu dono.


A proteção é apenas uma das facetas da relação mantida entre aqueles que vivem nas ruas e seus animais. Além de guardarem seus donos dos perigos, os cães se mostram seus companheiros inseparáveis. São muitas vezes considerados por essas pessoas como o único ser vivo no qual podem confiar plenamente. Em troca de todo o carinho e amor que recebem, eles dedicam a seus amigos humanos um grau de lealdade que parece não ter limites.

"Ela deve ter pedigree"

O carinho por Lobinha é tamanho que Samuel enxerga nela um cão com pedigree (Foto: Alexandre Severo/Ed. Globo)
É o caso de Samuel e Lobinha, uma cadela preta que apareceu há cerca de sete meses na Praça Sam Rabinovich, no Bom Retiro. Estava tão desnutrida quando chegou que o morador do local precisou molhar a ração antes de alimentar o animal. Hoje, já forte e saudável, Lobinha virou o xodó do homem de 42 anos. “Ela me dá carinho. Gosta de tomar banho, ontem mesmo eu dei, também não pega pulga nem carrapato”, diz. A cadelinha é tão querida pelos moradores da região que já chegaram a oferecer R$100 por ela. “Não quis vender, me apeguei muito. Ela deve ter pedigree. Queria que fizesse um comercial”, comenta Samuel.

Há cerca de quatro meses, Lobinha entrou no cio e atraiu à praça três machos, que acabaram ficando por lá. O Brisa é branco e preto, tem um quê de dálmata e, segundo o morador, é o “dono do pedaço”. Ele protege a Lobinha quando ela está no cio e, em troca, conquistou o privilégio de ser o único a cruzar com ela. E pelo visto tem dado conta do recado: a cadela já espera filhotes. Os outros são o Costela, seu maior protetor, um cão bege de pêlo mais longo que, de acordo com Samuel, tem mais sensibilidade para descobrir a maldade nas pessoas, e o Alemão, também bege, de pelagem curta e porte menor. Irreverente, Samuel ensinou até inglês aos seus cães: ao invés de chamá-los pelo clássico “vem”, ele usa “come on” e, quando quer que parem, diz “stop”.

No trato com a comida é que a intensidade da relação homem-animal nas ruas fica mais evidente. É comum um mendigo ganhar um pão e, mesmo com fome, dividi-lo com seu cachorro. Samuel conta que, em sua busca diária por algo para comer, seus quatro amigos o ajudam muito. “Eles me avisam qual saco de lixo tem comida, começam a cheirar e a latir”, diz.


"Ele confia em mim"

Embaixo do viaduto onde vivem, Samuel e seu cachorro nutrem uma relação de íntima cumplicidade (Foto: Alexandre Severo/Ed. Globo)
Longe dali, em outra parte da cidade, é possível verificar o mesmo apego entre os moradores de rua e seus animais. Embaixo do Viaduto Mofarrej, próximo à estação de trem Vila Leopoldina, moram em torno de dez pessoas. Ali, José Eduardo Sobrinho vive há nove meses com seu cão, o Jerônimo, que tem cerca de quatro anos. Assim como Lobinha, foi ele que veio de encontro ao dono: em uma rua próxima, José passou pelo animal, que desde então permaneceu ao seu lado. Ele afirma que os outros moradores do local não gostam de Jerônimo. “Acham que ele é viado, só porque ao invés de chegar lambendo parece que vem rebolando”, conta.

Mesmo não sendo tão bem tratado pelos amigos de José Eduardo, o cachorro não retribui da mesma maneira. O morador, de 33 anos, mencionou um episódio envolvendo um de seus colegas no qual a participação de Jerônimo foi decisiva. “Um dia, um amigo estava dormindo em um lugar meio alto e caiu, ralou todo o rosto. Ele veio e latiu para me avisar”, relata. Ainda assim, o vínculo mais forte e fiel é com o dono. Segundo ele, além de guardar seus pertences, o cão é seu maior companheiro. “Se for andando daqui até o Japão, ele vai junto”, diz. Nas palavras de José, a relação entre os dois é de amor, carinho, afeto e confiança. O motivo de tamanho envolvimento, de acordo com o homem, é simples: “porque ele confia em mim”.


"Ele tem o mesmo nome que eu"

Jow come do mesmo pão que o dono João Batista e protege sua carroça com unhas e dentes (Foto: Alexandre Severo/Ed. Globo)
Embaixo daquele mesmo viaduto, João Batista Dornellas vive com seu amigo canino, o Jow. O porte do animal sugere que corre sangue de rottweiler em suas veias. Quando não está ali, João costuma rodar pelas ruas da região com sua carroça em busca de materiais recicláveis, uma das poucas formas de juntar algum dinheiro lícito nas ruas. Aonde quer que vá, Jow o acompanha. “Ele guarda a minha carroça, só os amigos podem mexer. Se chegam perto de mim ele rosna”, diz o homem de 50 anos.

Ele afirma que seu cão é quem manda ali, basta pedir para “pegar” que ele avança, tanto em cachorros quanto em pessoas. Para demonstrar que não estava exagerando, gritou “pega” e, de imediato, o animal partiu para cima de Jerônimo. Antes que o outro pudesse se machucar, ordenou que parasse, e a resposta foi instantânea. Quando se vive nas ruas, ter um protetor leal, forte e obediente pode fazer toda a diferença.


O encontro dos dois aconteceu de forma inusitada há cerca de oito anos: o morador de rua andava com sua carroça por uma favela no bairro da Água Branca, próximo à Marginal Tietê, quando notou que a estrutura estava balançando. Quando foi checar, deu de cara com Jow comendo suas marmitas. Por incrível que pareça, não houve briga entre os dois, e desde então não se separaram. “Ele tem o mesmo nome que eu”, diz o homem, emocionado. “Esse cachorro é meu melhor amigo, ele me defende. É melhor que minha família”.


Fonte: http://revistagloborural.globo.com




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